segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Morte e vida severina

Morte e Vida Severina é um texto de histórias simples e significados profundos. O protagonista é um retirante, um nordestino de vinte anos que foge da seca e da vida sofrida e miserável do Sertão e que, caminhando às margens do rio Capibaribe em direção a cidade do Recife, tem a esperança de encontrar vida melhor.
Na primeira parte do poema o retirante se apresenta. Trata-se de “Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costela, limites da Paraíba”. Não é por acaso que o escritor escolheu esse nome, já que é muito comum no Sertão nordestino. Milhares de nordestinos partilham o protagonista seu nome, assim como sua miséria e seu sofrimento. Portanto, o que parece ser uma tentativa de particularizar quem é o protagonista na verdade faz o contrário. Ao se apresentar, Severino encarna todos os retirantes do Sertão, “iguais em tudo na vida” e na perspectiva constante do mesmo tipo de “morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia”. E viver a “vida severina”, tendo como perspectiva não mais que a morte, é a “sina” que une todos os nordestinos que, vivendo no árido Sertão, trabalham duramente para “abrandar estas pedras suando-se muito em cima” e “tentar despertar terra sempre mais extinta”. Sem apoio suficiente do Estado, submetidos ao domínio, à violência e à exploração dos coronéis do Sertão, sem meios de produzir para sua subsistência, estes severinos vêem-se obrigados a emigrar de suas terras ou moradias para as cidades.

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Professor da UECE (adjunto) e do CMF (titular); especialista em literatura luso-brasileira (UFC) e mestre em literatura (UFC)

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